84

MASSACRE
Textos e direcção: Paulo Castro
Co-criação e interpretação: John Romão e Paulo Castro
Desenho de luz: Daniel Worm d'Assumpção
Co-produção: Colectivo 84 / Penetrarte, Festival Citemor, StoneCastro (Austrália)
Residência artística: Negócio / ZDB
Apoios: Artistas Unidos, Bomba Suicida, Mala Voadora
Fotografia: Bruno Simão
O Colectivo 84 / Penetrarte - Associação Cultural é uma estrutura subsidiada pela Secretaria de Estado da Cultura- Direcção Geral das Artes e uma estrutura associada da ZDB (Lisboa) e da Casa das Caldeiras (Coimbra).

SINOPSE
O vencedor do Prémio Nobel da Paz foi entregue ao preso politico chinês Lio Xiaobo, que não pôde ir receber o prémio. A China obrigou vários representantes políticos a não estarem presentes na cerimónia de entrega, como forma de protesto. O actual presidente de Timor Leste e antigo preso político, José Ramos-Horta que recebeu o Nobel da Paz em 1996, em condições similares às de Xiaobo, obedeceu às regras chinesas. É neste contexto dúbio que a peça vai ter lugar: o dinheiro como forma de comprar a dignidade humana e de fazer esquecer os massacres. MASSACRE é sobre a imbecilidade que se estabelece entre dois intérpretes que trabalham, com as armas do grotesco e do sarcasmo e uma banda sonora trash metal, o tema de Timor de uma forma caótica. A metamorfose mutante de Austrália, Indonésia e Portugal, tornam o jogo cénico hipnótico e alucinante. O assunto é perigoso: trata, num jacto in-yer-face, de resolver as crises mundiais, o caos económico actual e, claro, os problemas de Timor-Leste. Timor (John Romão) e Leste (Paulo Castro): uma dupla explosiva.

APRESENTAÇÕES
Festival CITEMOR (Montemor-o-Velho): 6 e 7 Agosto 2011 (www.citemor.com)
Negócio/ZDB (Lisboa): 9 a 13 Agosto 2011
Adelaide Fringe Festival (Adelaide, AUS): 24 a 29 Fevereiro 2012

CRÓNICA
“Começa o espectáculo, Romão fuma, Castro treme, treme e dança – bela dança –, já tudo respira a uma estética do desfeito, de um teatro que se quer forte, que se constitui centrípeto, que irradia liberdade no pensar e no fazer. O espaço teatral como campo de batalha, onde cabe tudo, onde tudo pode ser feito e se decide ir até ao limite. E isso não é fácil. (…) É interessante essa combinação dessa maneira de fazer, corporal e visual, com outra de uma maior dramaturgia construída sobre a personagem. A peça agarra-se a um diálogo constante, rápido e veloz sobre a loucura da geopolítica, das desculpas morais da política, buracos e piruetas mentais que o homem tem que fazer para se suportar, para poder justificar o fracasso ético que o género humano supõe. Timor colónia, Timor descolonizado, depois invadido, depois militarizado, depois arrasado, cheio de fantasmas, Timor terreno de Nações Unidas, Timor fronteira do primeiro e do terceiro mundo, da Austrália do desenvolvimento que quer ter boas cancelas em janelas e portas, Timor sofrimento culpado e real dos portugueses, Timor pura história contemporânea do planeta. (…) Dentro de cena, reina uma bandeira da banda de metal Slayer. É este mundo cheio de mortos onde Satã, mais do que uma negação da bondade divina, se torna uma sanidade necessária através da negação que é crítica, negação da bondade cristã que é aceitação do crime sistemático, afirmação da violência que é resistência. E é essa violência tratada neste espectáculo como resposta frágil, que não entra em conflito nem pode responder à violência real, a que se encontra no espaço de resistência ética. Resposta que não vai conseguir nada, que não soluciona mas que é a resposta que resta ao indivíduo, a da denúncia que ainda diz “aqui estou, e não me derrubas, aqui estou e mal te aproximes mordo, já estou louco, e a minha loucura é a minha arma, a minha força”. Por isso, em toda esta lógica, o espectáculo termina num ritual metal, num absurdo de espectacularidade de luz, chamas e energia corporal.”
(Pablo Caruana, jornalista, director do Festival Sismo Madrid)