84

Como Mickael de Oliveira não tem um blog pessoal, pediu-nos que publicássemos aqui a conversa mais divertida que teve nos últimos 3 meses.
É uma conversa com quase 84 posts (!). Um discurso que divaga entre o absurdo e o niilismo. Uma conversa entre Mickael de Oliveira e André E. Teodósio (Teatro Praga). Publicada com o interesse de ambas as partes.
Data: 7 de Abril 2009
Local: Facebook

Mickael de Oliveira postou um vídeo de Slavoj Zizek no seu facebook (http://www.youtube.com/watch?v=DhDuYfZa5dE), para o qual escreveu a seguinte legenda: "um dia gostaria de falar inglês assim, com aquela pronúncia soviética. falar inglês com um sotaque da URSS, transporta-me para um certo passado (e isso é óptimo)."


E o diálogo começou:


Teatro Praga at 12:14 on 07 April
Mas o zizek é esloveno.
O sotaque é puro esloveno (que soa muito pouco a russo)!
ZIZEK É TURBOFOLK.

Mickael de Oliveira at 13:48 on 07 April
No way! Pensava que ele vinha do Alasca!
Quando me referia ao seu sotaque, referia-me sobretudo ao modo como concebe o mundo sem o marxismo-leninismo (isso não vem na wikipédia). E, vá lá, em termos fonéticos, mal se consegue distinguir um russo de um esloveno quando falam inglês (repito, quando falam inglês), sobretudo ouvindo um belfo. Também é um pouco vago, ou um belo atalho, dizer que ele fala “esloveno” (é tb pouco multicultural), sabendo que existe uma porrada de dialectos (isso sim, vem na wikipédia)... Zizek é turbofolk, se quiseres! A democracia tem dessas coisas...
Um abraço

Mickael de Oliveira at 13:50 on 07 April
sem ofensas!

Teatro Praga at 14:10 on 07 April
Não se distingue um russo de um esloveno a falar inglês?????? LOL.
Ok I rest my case. Have a nice life!!
p.s. em relação à sua suposta ideologia marxista-leninista, é preciso compreender na totalidade
1) a transferência em termos lacanianos (e para isso é preciso ler Lacan)
2) o excesso/fetiche (e para isso é preciso ler Marx) como regulador falso de prazer entre mestre e escravo segundo Hegel (e para isso é preciso eler Hegel
E isto tudo não vem no youtube.
No offense!!!

Mickael de Oliveira at 14:34 on 07 April
Primeiro: tens que me dar uma aula de fonética, ok? ...
Ó cidadão do mundo!
Segundo: A sério que é preciso ler isso tudo?
Estou assustado...acabei de fazer xixi nas cuecas...
Agora a falar a sério: É só uma pista, não o leves como uma ofensa, coloquemos a relação “excesso/fetiche” em termos de relação “coisa/fetiche” (na sua origem não é assim? É que não consegues justificar nada começando pelo fim. É como ejacular precocemente, é uma chatice). Zizek gosta de ir beber a Lacan (é a sua Escola), mas, é evidente, parece-me a mim que se quiseres aprofundar essa relação terás de ir a Marx, como referiste, mas principalmente a Freud que teorizou tudo bem teorizadinho... O epicentro teórico é Freud. Digo isso porque fiz vários trabalhos de investigação sobre a linhagem Freud-Lacan-Cixous. (Cixous poderá ser uma boa ajuda para explorares essa relação). Sobre Hegel e Marx, bom, li-os aos 15 anos. Mas são como a bíblia, há que voltar sempre à origem.

Mickael de Oliveira at 14:35 on 07 April
Terceiro: A sério “sem ofensas”, o conhecimento (que não seja pedante) não tem dono nem algibeira! Se tiveres mais palpites, acrescenta! Gosto de aprender!

Mickael de Oliveira at 14:36 on 07 April
(p.s.: a relação ideológica não é "suposta"! é bem clara!...)

Teatro Praga at 16:14 on 07 April
1º Darei com todo o prazer uma aula de fonética, até porque será uma boa forma para rever uma lingua que nos é tão cara (razões afectivas e razões estéticas).

Teatro Praga at 16:16 on 07 April
2º Numa lógica Zizekiana (d'aprés Lacan) é necessário trair o mestre como Platão traiu (ou reinventou Sócrates). E porque os movimentos de antropologia etimológica são demasiado Heideggerianos para Zizek (ele nunca justifica nada pelo fim, ele justifica como FIM, como RESPOSTA QUE DEVE SER CONTESTADA), Freud ou Jung não só não são contemplados na troika intelectual de Zizek (são três os seus mestres, lamento, e têm nome Hegel, Marx e Lacan) como, pelo contrário, (quem o leu até ao fim sem ter parado de ler precocemente sabe!!) são particularmente inexistentes na sua filosofia. O epicentro teórico é o que ele nomeia como realmente existente e não o que os seus supostos leitores desejam.

Teatro Praga at 16:16 on 07 April
By the way, a linhagem Freud Lacan Cixous é uma linhagem normal porque são todos devotos da PSICANÁLISE mas isso não quer dizer que sejam todos iguais. por exemplo: ranciere, badiou, cixous, laclau, butler, belsey, agamben, balibar,etc não podiam ser mais inimigos uns dos outros.

Teatro Praga at 16:23 on 07 April
3º Ler um livro mal, é ler um livro, sim, mas não deixa de ser mal lido. A leitura precoce de uma obra não significa nada (conheço tantas pessoas novas que são tão velhas!), nem o retorno à biblia significa nada (toda essa nostagia me cheira a histerismo heideggeriano, e que bem que sabemos no que resultou!)
.p.s. não pretendemos ensinar e achamos que o conhecimento (na senda afirmativa) tem dono e tem algibeira. Parafraseando zizek "o mundo desideologizado é o mundo do saltarico de ideias e ou da sua mera apreensão formal.

Teatro Praga at 16:24 on 07 April
p.s.s. a relação ideológica de zizek é clara para quem traz um archote e busca uma resposta, e escura para quem está na caverna e está a jogar o jogo todo.

Mickael de Oliveira at 16:53 on 07 April
1) quero ser o primeiro inscrito no workshop de “Não se distingue um russo de um esloveno a falar inglês?????? LOL”

Mickael de Oliveira at 16:55 on 07 April
2) Mas que name-dropping rebarbativo que não serve de nada! Que atalhos despropositados! Fazes conviver nomes porque são “bonitos e conhecidos”, sem que nada se possa espremer... é isso, ficamos pelos nomes por eles bastam, ficamos pelo plástico, é essa a facilidade do nosso tempo, dizer porque sim, dizer porque é bonito. Escrevo Platão porque sim, porque acho que tem alguma coisa a ver com o outro...espera lá... o coiso... o. Isso provoca-me urticária, é snobismo intelectual.

Mickael de Oliveira at 16:55 on 07 April
3) By the way: uma linhagem natural Freud-Lacan-Cixous? Se Lacan se aproxima e interpreta Freud de forma positiva, Cixous – criando/seguindo as teorias feministas – demarca-se pela leitura negativa tanto de um como de outro (com veemência), e isso só se sabe se se começar (pelo menos, começar) a lê-la. ... É claro que não são iguais! Bem pelo contrário, como disseste, referindo nomes que conceptualmente não têm nada a ver (a pertinência do name-dropping?). E não mencionas Nietzsche ao falares de Zizek? Mas pronto, mais filosofia de algibeira no facebook é que não!

Mickael de Oliveira at 16:55 on 07 April
4) “Ler um livro mal, ... Ler mais é ler um livro, sim, mas não deixa de ser mal lido” (Praga).
Pois é, o problema é esse: a filosofia e coisas mais espessas não se lêem, estudam-se.

Mickael de Oliveira at 16:56 on 07 April
5) E acredita que o saber não tem dono, senão seríamos todos cães. E eu não tenho trela... invoques o que invocares, invoques o Zizek ou o nosso senhor.

Mickael de Oliveira at 16:56 on 07 April
6) Fora dessas hostilidades: gosto muito de vocês pá, qual é o vosso próximo espectáculo? Lá estarei!

Mickael de Oliveira at 16:56 on 07 April
7) (não posso ser mais extenso porque tenho coisas para ler, estou numa biblioteca)

Teatro Praga at 17:02 on 07 April
1) Apesar de continuares a desdenhar, eu volto a insisitir (foi essa a razão do meu post inicial), que se consegue distinguir claramente um esloveno de um russo a falar inglês, assim como se distingue um francês de um português a falar inglês (isto tudo no caso da língua-mãe decidir emergir!).

Teatro Praga at 17:08 on 07 April
2) Nunca nunca nunca fiz algum tipo de name-dropping despropositado. Por conhecer muito bem a filosofia Zizekiana (para além de estar em contacto o próprio) ... é que te posso assegurar que Platão é um eixo central no seu pensamento (consulta a última obscena e perceberás). É quando a europa se revela perante as monoculturas que a rodeiam como um território de pensamento crítico. Mais uma vez, consulta os livros do próprio e verás que não tenho necessidade nenhuma (como nunca tivemos necessidade nenhuma) de 'querer passar pelo que não somos'. Acho esse tipo de transferência espelhada bastante abusiva.

Teatro Praga at 17:11 on 07 April
3) Quem conhece a filosofia Zizekiana, que se divide numa troika de influências, sabe que 3 grandes propósitos (arte, política e pensamento) estão dividos pela troika: Zizek, Zupancic, Dollar.
Nietzsche cabe a Zupancic. Posso-te emprestar o livro The shortest shadow.

Teatro Praga at 17:21 on 07 April
Mas continuando o ponto anterior: Quem disse que Lacan se aproxima de Freud de uma forma positiva?
E quem te disse que eu não conheço a obra de Cixous? (acho que estás a querer dar uma lição ... à pessoa errada). Cixous tal como Butler (como o tempo veio revelar) tornaram-se muito mais próximas da deconstrucção do que das posições reacionárias de Lacan.
Quanto à linhagem que tu sugeres despropositada, e que são a uma das minhas matérias de estudo, são nada mais nada menos, que 'filhos intelectuais da psicanálise' e só serviram como exemplo para te demonstrar que não há dois filhos iguais. Aon contrário do que queres sugerir, a linha filosófica é bastante mais complexa que a linear Freud-Lacan-Cixous, até porque Freud não inventou nada.

Teatro Praga at 17:23 on 07 April
4) Justamente por ter estudado e por pensar, é que escrevo o que escrevo e faço o que faço.

Teatro Praga at 17:28 on 07 April
5) Neste ponto não podemos discordar mais. Justamente por ter perdido a "ideia de irmão" é que Antígona o enterra. E há um nome para isso: Europa. Europa é justamente a marca de um mestre que em seguida se auto-humilha para deixar que os seus filhos reinem por uns tempos.
Talvez no zeitgeist seja moda não ser dono de nenhuma ideia, mas para nós que defendemos a megalopsyquia o know-how é totalmente individual (isso não significa que haja copyright, by the way). Somente que a subjectividade se torna um excesso que é necessário ser demolido (embora não deva contemplar essa possibilidade).

Teatro Praga at 17:31 on 07 April
6) Quanto a este ponto também não posso deixar de discordar, uma vez que os nosso espectáculos são justamente a materialização excessiva destas hostilidades i.e. formalmente são inúteis, são um excesso enganador, são a materialização estética da nossa ética que, segundo zizek, não pode ser tolerante!If you are not with us, you're against us.

Mickael de Oliveira at 18:24 on 07 April
1) Respondi no meu primeiro post.
2) mas eu já consultei... eu percebo o que queres dizer... é a maneira como dizes, como lanças essa malta toda. Não podes lançar Platão assim, e dizer que está ligado a Zizek, assim. Que filósofo não está? Sei lá, estou por aqui a pensar... Tb não afirmo totalmente que vocês pretendem ser o que não são, só acho que em tão poucas linhas pões a conviver tanta gente que às vezes fico tonto. Para quem não sabe quem eles são, lê e pode pensar “uau”, para quem os leu, fica a pensar “assim não...”.

Mickael de Oliveira at 18:25 on 07 April
3) ai como tudo é tão simples para ti... essas divisões... é tudo tão claro... se a filosofia fosse matemática...
4) “Cixous tal como Butler”? Como se pode dizer que Cixous é tal como Butler? A concepção da sexualidade/feminismo de Bulter é de transgénero (Queer), enquanto que Cixous é monogenérica (radica-se nos movimentos franceses). Só por aí, tens o Tejo que as divide. Mais uma vez, atalho, atalho, atalho.
“Filhos da psicanálise”: é muito vasto. Boa parte dos intelectuais europeus e norte-americanos dos anos 50/60/70 foram brutalmente marcados pela psicanálise!

Mickael de Oliveira at 18:27 on 07 April
5) Partilhamos um espaço semântico comum, alguém fala por ti (e por mim), pergunta a Barthes e a Foucault. Mas dentro deste espaço, temos o dever de reconhecer a trela e de dizer mesmo assim “E acredita que o saber não tem dono, senão seríamos todos cães. E eu não tenho trela... invoques o que invocares, invoques o Zizek ou o nosso senhor.”
“Somente que a subjectividade se torna um excesso que é necessário ser demolido (embora não deva contemplar essa possibilidade).” É o que diziam os nazis, no início, quando tinham um ar simpático. Levou às corporações, e depois...etc. Mas confesso que o teu ponto
5) é muito confuso, ora dizes uma coisa, ora o seu contrário. Tens que te decidir, com a veemência de “If you are not with us, you're against us”. Ou faz uma síntese Hegeliana. (mas acho que já ninguém faz isso)Para quem não saiba, “Zeitgeist” significa “espírito do tempo”/ ou é o título de um filme interessante, ou de tanta coisa...).

Mickael de Oliveira at 18:27 on 07 April
6) “If you are not with us, you're against us”: Bush filho disse algo parecido. E, de facto, aqui tens uma citação pertinente. Até concordo com ela. Que se cuspa sobre Erasmus. Ainda me resta uma pergunta sobre a seguinte afirmação, e depois dou a minha participação nesta agradável conversa como terminada: “uma vez que os nossos espectáculos são justamente a materialização excessiva destas hostilidades i.e. formalmente são inúteis, são um excesso enganador, são a materialização estética da nossa ética”. Eu que sou um espectador atento, não muito inteligente, mas atento, não vejo nada disso. Vejo outra coisa. Posso?

Mickael de Oliveira at 18:27 on 07 April
7) Um abraço de Tebas!

Mickael de Oliveira at 18:33 on 07 April
8) E, infelizmente, não vou poder dar resposta ao vosso comentário (se responderem), porque tenho muita coisa para fazer. Não é que a nossa conversa não tenha sido estimulante, mas tenho coisas para tratar. E como isto é quase uma adição...que não consigo deixar... vou fazer tudo para não responder...um abraço

Teatro Praga at 21:34 on 07 April
1) Não existe resposta possível para a xenofobia latente no comentário "eslovenos e russos a falar inglês soa tudo ao mesmo".
2) Não sou eu que digo que ele é ligado a platão. É ELE.
3) Não sou eu que o divide em troikas conceptuais e corporativas. É ELE.
4) Pois vou ter o pequeno desgosto de te informar que ambas:
a) foram ambas apropriadas pela queer theory e ambas pensaram muito mais do que isso
b) radicam-se nos movimentos franceses (?monogenérica? you must be kidding!!)
C) são ambas descontrutivistas (derridadianas), coisa que Zizek ODEIA.

Teatro Praga at 21:39 on 07 April
Porque quase todos os intelectuais são filhos da psicanálise é que não se pode dizer que "temos de ir beber a lacan e a freud" etc. É que apesar de terem a mesma raiz, eles continuam a pensar coisas diferentes embora se agrupem em causas comuns. Acontece que a maioria dessas causas/filosofia são anti-lacanianas por excelência (uma vez que é a condição psicanalitica sine qua non).

Teatro Praga at 21:45 on 07 April
5) Mas acontece que partilhar uma cultura comum não significa produzir a mesma arte. Por exemplo, na Europa partilhamos (à luz de outros continentes) uma cultura comum, mas a praxis vai desmentindo isso a toda a hora. As ideias são de cada um, são individuais e intrasmissiveis, esta é a fatalidade zizekiana por excelência.
O ponto era confuso em relação a quê?
by the way, e para evitar que cometas mais erros filosóficos, a dialética Hegeliana é negativa, portanto mesmo seguindo-a nunca conseguiria chegar a uma afirmação (unindo os tais pontos discordantes), uma vez que essa mesma dialética implica a não sutracção de uma teoria a uma outra antitética.

Teatro Praga at 21:46 on 07 April
6) Ver mal um espectáculo, é verdade que é ver um espectáculo, mas é vê-lo mal.

Teatro Praga at 21:55 on 07 April
7) Uma continência de Liubliana.
8) Felizmente vamos poder dar sempre resposta às tuas investidas (se responderes), porque isto é uma parte que implica o todo (do conceito TEATRO PRAGA) . Não é que a nossa conversa seja estimulante, mas é disto que somos feitos. E como isto não é uma adição...mas também não conseguimos deixar de o fazer... vamos fazer tudo para responder...
p.s. somos o demos silenciado e atrás de nós temos muitos. somos novos, inteligentes, coloridos, bonitos, ricos, e felizes e viemos para partir os carros!Saudações

Mickael de Oliveira at 22:12 on 07 April
1) tens de saber distinguir "xenofobia" de "ironia". Consegues ou é pedir muito de ti, ó grande intelectual pan-esloveno e cidadão do mundo?
2) tens razão
3) tens razão

Mickael de Oliveira at 22:13 on 07 April
4/5) não sabes o que dizes e é pena. estuda mais e volta, é o que faço quando não sei o que digo. comenta a qualquer feminista (estudiosa) a aproximação Cixous - Butler e verás o que acontece: rir-te-ão à cara (tal como eu). Mais uma vez, o "atalho mágico": a "desconstrução" abarca Cixous e mais não sei quantos filósofos!!
Aprecio as leituras que Zizek me tem dado, mas não aceno a tudo o que ele diz. É a tal coisa da trela... E só a uso, às vezes, porque combate piolhos.
"By the way": dialéctica hegeliana? É positiva, e depois? Uma grande confusão vai aí na tua cabeça...
6) Tens que me oferecer um manual de instruções para ler livros e peças de teatro/performance. Quem escreveu isso? Deus... eu sei, ele é um pouco prepotente. Porque não escreves um livro "como ler obras de arte". Sempre fazias concorrência a Eco.

Mickael de Oliveira at 22:13 on 07 April
7) gosto da cidade

Mickael de Oliveira at 22:21 on 07 April
8) Infelizmente, não vou poder dar sempre resposta, não porque não as tenho, mas porque tenho coisas mais interessantes a fazer, do que responder verborreia intelectual, que, espremido-espremido, não dá em nada.
É o problema do sumo. É só isso... (o que importa). E porque não chegaremos a lado algum, porque ainda bem que há ideias diferentes.
Recusar a diferença é...?
"p.s. somos o demos silenciado e atrás de nós temos muitos". É uma frase do filme "Underworld: Evolution"? Aquele filme piroso com lobisomens e vampiros... Já não são bem novos, vá, e a inteligência... (pronto), mas sim, são coloridos! É um bom ponto de partida. Até gosto da ideia de partirem carros, mas façam-no mesmo!
Saudações!

Teatro Praga at 22:22 on 07 April
1) Ironia é um estratagema cómico onde desdenhamos publicamente coisas que defendemos inconscientemente ou intimamente.
Xenofobia materializa-se em preconceitos segundo raças, grupos, etnias, caracteristicas culturais. Perpetuar zonas negras da ignorância ocidental ou
a) vem de um irónico (o que não me parece ser o caso)
b) advém de um preconceito em relação à lingua.
Mas é de louvar a tentativa de dar volta à coisa.
2) e 3) Claro.

Mickael de Oliveira at 22:29 on 07 April
E metafórico? Vai lá buscar a definição!

Teatro Praga at 22:30 on 07 April
4/5) A aproximação Cixous-Butler é demonstrada na tentativa de ambas em desconstruir (ad eternum) a hegemonia da actividade humana pós-roma. Poderiamos ainda falar de Kristeva e Irigaray. Obviamente cada uma delas propõe cisões à hegemonia com abordagens antagónicas, mas É CLARO PARA QUALQUER ESTUDIOSO DE FILOSOFIA que todas são um produto da sua época e que todas se auto-inscrevem em territórios descontrutivistas.

Teatro Praga at 22:30 on 07 April
- (Não buscamos definições. Pensamos.)

Teatro Praga at 22:34 on 07 April
A dialéctica hegeliana é NEGATIVA, e repetimos, É NEGATIVA. Não se funde numa só, não se une numa respostas positiva que agrada a gregos e troianos.
É UMA DIALÉTICA NEGATIVA i.e. são duas hipóteses que chocam entre si.
p.s. Se calhar precisa de uma feminista à la Camille Paglia para o ajudar a entender estas escritoras. Acontece que nós sabemos directamente do que estamos a falar.

Mickael de Oliveira at 22:35 on 07 April
sabem??

Mickael de Oliveira at 22:35 on 07 April
olha que não...

Teatro Praga at 22:35 on 07 April
HIHIHIHIHIIHHI. Ai não?

Teatro Praga at 22:36 on 07 April
Mas então quer que saquemos dos currículos?

Mickael de Oliveira at 22:37 on 07 April
Não duvido um instante

Mickael de Oliveira at 22:37 on 07 April
que TU, não sabes

Teatro Praga at 22:39 on 07 April
LOL. É de bom tom nunca duvidar da honestidade dos outros.Mas para além disso, também não é cavalheiresco apontar o dedo a um individuo de um grupo.

Mickael de Oliveira at 22:41 on 07 April
mas eu gosto é de partir carro, portanto o cavalheirismo fica um pouco abalado

Teatro Praga at 22:41 on 07 April
Eu sei que gosta de linearidade, mas uma coisa não implica a outra.

Teatro Praga at 22:42 on 07 April
Quanto à frase do underworld, era uma kind of citação do texto do próximo espectáculo (espectáculos esse que tanto gosta! lol).

Mickael de Oliveira at 22:43 on 07 April
até sou da "metáfora" meu caro

Teatro Praga at 22:43 on 07 April
Pois, mas para nós a metáfora é muitafora.

Mickael de Oliveira at 22:46 on 07 April
Não tinha visto aquela dos "curricula". Mas se quiseres, saquemos! Que em Filosofia e Estudos Artísticos, talvez esteja mais apetrechado de diplomas. Mas, verdade seja dita, és um bom actor e eu não sou, como se viu no anterior espectáculo do" 84".

Mickael de Oliveira at 22:47 on 07 April
e para mim a metáfora é muitalouca

Teatro Praga at 22:52 on 07 April
1) Não desejamos de todo sacar dos curriculos. São demasiados e intimidatórios. Mas pedimos que não dúvide da nossa sabedoria (matemática, culinária e geometria descritiva pode duvidar) em relação a estes assuntos que nos são tão caros.
2) a metáfora é muito perigosa, a metáfora é mesmo muitafora. Mas não vamos entrar no território do Umberto Eco.

Mickael de Oliveira at 22:56 on 07 April
1) pois não, sacar dos curricula é que não. é feio, é como ver quem tem a maior...
2) A metáfora é perigosa, adoro o perigo e o Eco que ele possa fazer. É muitalouco, é muitàfrente.

Teatro Praga at 23:01 on 07 April
1) Podemos sacar, mas não é um acto nobre. E o maior, será o nosso, até porque somos cinco!
2) Pequena informação: O Eco não diz que a metáfora é perigosa. Agora, achamos que em 2009 é tempo de deixar as brincadeiras pomo intertextuais, tautológicas e seguidoras da lei, e partir para novas aventuras lalanguianas: muitafora é um exemplo disso. Temos mais. (atenção que isto não é um formalismo, é fruto de conceptualidade pura e dura).

Teatro Praga at 23:04 on 07 April
p.s. não sou actor.

Mickael de Oliveira at 23:13 on 07 April
1) não é elegante, é verdade. mas só estou a falar com uma pessoa! será o guru? não falo com mais ninguém... estarão todos em cima de ti a teclar? (em termos de imagens, é giro, confesso) Ou falas por eles? (é pior, porque cada um tem o seu jeito de falar/escrever)
2) Deixa o Eco onde está... não disse que o Eco diz que a metáfora é perigosa. Ele diz tanta coisa... Em 2009 é que vai ser!A forma também se conceptualiza... ou o teu comentário era uma tautologia mascarada?
p.s.: ok, não és um actor - és um filósofo!

Teatro Praga at 23:19 on 07 April
1) Acontece que só o avatar teórico da companhia. Falo por todos e todos falam em mim. Lembrando a METÁFORA da contaminação (Sontag) eu escrevo como eles e eles vão escrevendo como eu. O estilo advém, não se fabrica. O que nos leva ao ponto:
2) Se o estilo advém, não se fabrica, e se toda a materialização é um sub-produto do esforço humano, então toda a forma é um excesso que à partida está demais e é errado, embora necesário como forma de auto-humilhação do seu criador. Forma e conteudo go hand in hand, mas a forma é a auto-humilhação do conceito.
p.s. hélas. Um filósofo!

Mickael de Oliveira at 23:30 on 07 April
1) Mas que belo avatar. Olha, que ninguém seja o meu, que não tenha avatar para esconder o que sou e o que penso. Não há que ter vergonha. Pensar em união, pensa o Partido Comunista. "Um só dogma, um só caminho". Quando escreveste no teu "p.s." não sou um actor, não te referias a ti, não é verdade? Mas a 5 actores?... "I believe I can Fly, I believe I can touch the sky".
Ai ai, agora a Susanita invocada... o name-dropping não pára!
2) Se achas que a materialização é um sub-produto do esforço humano, é porque não chegaste a perceber a revolução industrial e as lutas operárias (como boa parte do século XX).lol Isso de separar a forma e conteúdo já não se usa... desde...Hegel......
p.s.: Hélas, un philosophe...

Mickael de Oliveira at 23:34 on 07 April
quer dizer: Hegel separava a forma do conteúdo, mas hoje, sim, já não se usa

Mickael de Oliveira at 23:34 on 07 April
corrigi-me, viste?

Teatro Praga at 23:40 on 07 April
1) Porque não somos da desconstrução, utilizamos referências, aquilo que torna o agrupamento-acidental-de-pessoas numa Cultura. Lamentamos, mas existem gesto vazios que não trazem consigo grandes danos hegemónicos. Ah, mas o Mickael é um follower de Cixous?!? Ou percebi mal! É porque se é um admirador da filosofia de Cixous neste momento deve até estar a duvidar destes desenhos em forma de letra que estão no ecrã (a desconstrução leva o tornear da estrutura ad nauseum).

Teatro Praga at 23:42 on 07 April
2) Por perceber exactamente a concepção fetichista de Marx e Hengels é que te posso garantir que a materialização fornece o object petit a que distrai o homem via consumação do prazer (Cixous for you, Mickael) da consciência de si mesmo como pulsão para a morte (mais Cixous for you, Mickael).

Teatro Praga at 23:45 on 07 April
Hoje não se separa a forma do conteúdo? É verdade que a nós não nos interessa. Mas quem é que pode negar essa possiblidade a alguém?Serão as pessoas livres de optar?Lol

Teatro Praga at 23:46 on 07 April
ERRATA: Engels e não Hegel.

Mickael de Oliveira at 23:58 on 07 April
1) Mas o que é isso de ser um admirador de Cixous? Não admiro nem deus, nem o diabo, quanto mais Cixous. Sou ateu desde sempre. É como te disse, é uma questão "trela e de coleira". De facto, percebeste mal, mas o que importa? Sobre o vazio: ora aí está um bom ponto, um ponto que deves conhecer muito bem. Aí sim, tens a tua teoria.
2) Acerca de Cixous: no way!
3) Eu acho que as pessoas são livres! Sou pela auto-determinação dos povos! Repito, sou ateu! Mas tu é que não... e isso é uma chatice. Há bocado até querias escrever um livro e tudo sobre como ler uma obra de arte. Podes sugerir um título em inglês, se quiseres.
4) Sobre a Errata!: Estava mesmo para te corrigir e para te dar a escolher entre um deles, o Hegel ou Engels. A forma é parecida mas o conteúdo não. Mas vieste a tempo. Viste que já és mais humilde e te auto-punes? Que isto te sirva de terapia psicanalítica. lol

Teatro Praga at 00:04 on 08 April
2) Mas agora já não conhece os significantes de Cixous?
3) Queriamos escrever um livro sobre como ler arte?!?! Nada disso. Ele já está escrito: A Caverna.
4) Em primeiro lugar eu escrevi Hengels e não Hegel. Corrigi de Hengels com H para Engels com H, porque a mim não me apanha nessas trocas.
Mas já que sugeriu que poderia meter os pés pelas mãos, então aqui vai uma correção acerca do Hegel que não domina:Para Hegel a Forma está contida na conteúdo, e Hegel tem um nome para isso: doctrina das substâncias. Há uma correlação directa entre os dois, funcionando como negação da negação. Portanto tem alguma matéria a rever.

Teatro Praga at 00:06 on 08 April
p.s. devia reclamar. o canudo que lhe deram deve estar entupido.

Mickael de Oliveira at 00:38 on 08 April
Ora bem,
1) ... Read moreÉ melhor deixar Cixous em paz. E não entrar, mais uma vez, em filosofia de “contoire”. A filosofia não é bem un amuse-gueule. Cixous foi, como te disse, um ponto alargado de uma investigação (que provavelmente não te interessa), sobre feminismo e psicanálise: o caso Dora. Não me apetece largar uma frase-slogan sobre isso, não é apropriado e nem honesto intelectualmente.
2) Para começar: lamento informar mas “A Caverna” não é nenhum livro, mas sim um mito/alegoria, usado por Platão n’ “A República”, no Livro VII. Portanto, “A Caverna” não é nenhum título, nem de livro nem de nenhuma BD. Só conheço “A Caverna” de Saramago. Percebo o interesse do livro VII, mas talvez para ti o Livro X seja mais adequado. Não é verdade? Versa mais sobre a estética das formas e coisas assim. Também não escrevo nenhuma frase-slogan sobre isso. “Deixo-te a deixa”.

Mickael de Oliveira at 00:39 on 08 April
3) Sim, mas, no entanto, ele divide, separa o conteúdo da forma! O que não invalida “doctrina das substâncias”. Lê mais e deixa-te de fórmulas fast-food! E olha que és um bom cozinheiro. Fazes bem sopas.
Sim, o meu canudo consegue ter coisas lá dentro para entupir. E o teu? O vazio...:)

Mickael de Oliveira at 00:45 on 08 April
Boa noite, meu amigo de Praga.
Não digo boa noite aos outros porque esta conversa foi entre nós. Não gosto de arrastar pessoas amáveis ao barulho. Que fique bem claro. Essa coisa da "fusão" nunca me convenceu, mesmo quando se tratou da Consubstanciação ou da imagem da Santa Trindade.
Um abraço para ti e até breve

Teatro Praga at 00:49 on 08 April
1) LOL.
2) DAH.
3) FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO NOW!
Esta conversa foi entre todos, será disponibilizada a muitos outros, e ainda bem que está feliz agora "porquem quem ri por último ri melhor"!
ATÉ NUNCA!

Mickael de Oliveira at 00:57 on 08 April
1) LOL
2) DUHI
3)Foi contigo, e espero que seja, claro era bom que fosse disponibilizada a todos! Mas foi contigo, e contigo só... O pensamento flácido, baralhado, e único tem que ter um fim ou pelo menos ser desvelado e mostrado (não só aos amigos).
ATÉ SEMPRE!

Teatro Praga at 01:17 on 08 April
Como julga que o pensamento é flácido (continua a insistir que somos velhos) e baralhado (continua a achar que somos meros alunitos da escolinha de teatro), então aqui vai para o elucidar:
1) A filosofia de Cixous é algo que dominamos excelentemente. Acontece que Quando o modus operandi varia consoante 'o aluno e as suas teses', surge uma impossibilidade técnica de diálogo (positiva para os desconstrutivistas, claro está) mas negativa para o seio da cultura crítica
2) É um livro é, garanto-lhe, é O NOSSO LIVRO. Foi-nos oferecido pelo nosso mestre: Manuel Rodrigues. Ex-Professor Catedrático e eremita que surge às segundas feiras numa escola que nós, o cão solteiro, e o andré godinho, a artista plástica catarina campino conhecemos muito bem. (Mas não vamos disponibilizar as nossas armas aos inimigos, claro). Ooops disse o nome! Também pode ler uma das suas obras (absolutamente críptica) na &etc.

Teatro Praga at 01:20 on 08 April
3) Isto é com todos sim. Por alguma razão acha que está a falar com um homem e actor. Mas garanto-lhe que somos mais.O nosso pensamento é vital, juvenil, straight to the point e mostrado ao mundo.
p.s. porque é que diz que o pensamento único tem de acabar?

Mickael de Oliveira at 01:41 on 08 April
Estão longe de ser meros alunitos da escolinha de teatro, já não têm idade para isso, e ainda bem. precisamos de diálogo e não de "elucidar" ninguém. não é assim?
Gosto do trabalho das pessoas que mencionaste, mas não gosto da tua arrogância.
Inimigos? Não tenho. Nem tu és!
Amigo, a realidade é mais complexa, e não resolvo tudo com meia dúzia de frases de outros. Nem invoco aqui mais ninguém, nem amigos nem filósofos, (é o que querias?), invoco o que está supra-escrito.
Como não sou religioso, não sou maniqueu.
À pergunta, não respondo. Parece-me evidente.

Teatro Praga at 01:56 on 08 April
1) Nunca se está longe se ser mero aluno de escola porque nunca devemos deixar de aprender. Queremos sempre saber mais. A pulsão para a morte leva a isso mesmo, a um excesso (de sabedoria ou consumação do desejo).
2) Só porque não somos afónicos como a Dora (não a do festival da canção, mas a Ida do Freud) isso não deve significar automaticamente que somos arrogantes. Só porque não nos calamos? O excesso de falar é para evitar a nossa mortalidade, Zizek dixit.
3) As pessoas de que falei são optimos artistas, nossos amigos. Mas temos mais. E ainda na escala do poder mais importantes que não mencionamos PORQUE não os utilizámos como mais-valia no nosso discurso. Foram mencionados
a) para enquadrar teoricamente um assunto
b) para evitar a acusação de estarmos a ser sincretistas.
Volto a repetir, a Europa é politeista, tautológica, inútil e auto-referencial. Numa palavra: um LUXO.

Teatro Praga at 02:01 on 08 April
4) O que está supra escrito, revela pouco paciência da sua parte perante o nosso discurso (olhe que a tolerância discursiva era fundamental nos banhos da polis. No programa do Avarento, esse espectáculo chiclete, temos um texto fundamental da obra de Sloterdijk sobre essa matéria). O que está supra escrito é bastante revelador. Mas o que está supra escrito é também bastante lento, pois a marcha deconstructiva (se bem que a metafórica também) faz sempre por atrasar a partage du sensible inevitável.
5) Como diria Lacan "o pior é que acredita em Deus e não sabe, porque Deus não está morto, Deus está no inconsciente". Apesar de soar a antigo, isto é crucial na obra de qualquer pós-estruturalista.

Mickael de Oliveira at 02:04 on 08 April
"Quando o poder conduz o homem para a arrogância, a poesia lembra-o das suas limitações (...) Quando o poder corrompe, a poesia limpa"
John Kennedy, ao inaugurar a Biblioteca Robert Frost (1963)

Teatro Praga at 02:05 on 08 April
6) Não me parece nada evidente que o pensamento único tenha de acabar? Porquê (e não me vai trazer demagogicamente o exemplo dos ditadores lol)? Desde quando é que o advento do demos não é válido? É que o gatekeeping depende da perspectiva de quem o faz! E nós recusamos absolutamente um politeismo ditatorial. Preferimos a univocidade da democracia.

Teatro Praga at 02:09 on 08 April
Mas não nos vai dizer que o John Kennedy era um politico exemplar, pois não? Olhe que ele não era nenhum santo, não ligue aos mitos dos filmes, siga o Real.

Mickael de Oliveira at 02:18 on 08 April
"Quando o poder conduz o homem para a arrogância, a poesia lembra-o das suas limitações (...) Quando o poder corrompe, a poesia limpa"
John Kennedy, ao inaugurar a Biblioteca Robert Frost (1963)

Teatro Praga at 02:19 on 08 April
Mas não nos vai dizer que o John Kennedy era um politico exemplar, pois não? Olhe que ele não era nenhum santo, não ligue aos mitos dos filmes, siga o Real.
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